Fundamentos da
educação especial
Entretanto, o avanço é gradativo, e com isso cresce o
desafio de garantir uma educação de qualidade a todos sem distinção, pois
incluir alunos considerados “diferentes” no sistema comum de ensino requer não
apenas a aceitação das diferenças humanas, mas implica transformação de
atitudes, posturas, e principalmente em relação a prática pedagógica, sendo
necessário a modificação do sistema de ensino e a organização das escolas
para que se ajustem às especificidades de todos os alunos.
A concepção da escola inclusiva deve reconhecer as
diferenças humanas como normais e a aprendizagem centrada nas potencialidades
do sujeito, ao invés de impor aos alunos rituais pedagógicos prestabelecidos.
Educação para todosÉ nesse contexto que a legislação
brasileira garante indistintamente a todos os direitos a escola, em qualquer nível
de ensino, e prevê, além disso, o atendimento especializado à crianças com
necessidades educacionais especiais. Assim, a viabilidade da inclusão dos
alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino requer o
provimento de condições básicas como reformulação de programas
educacionais e formação permanente dos profissionais envolvidos.
De acordo com a Declaração Internacional sobre Inclusão
de 5 de julho de 2001, representantes de várias partes do mundo, reunidos em
Montreal, no Canadá, conclamam governos, empregadores, trabalhadores e
comunidade a se comprometerem com o desenho inclusivo e aplicá-lo em todos
ambientes, produtos e serviços para benefício de todos. Este fato propõe a
inserção dessas pessoas junto à sociedade, no que diz respeito ao acesso à
escola e ao sobretudo ao trabalho.
Atualmente busca-se transformar determinadas posturas
observadas através da história das sociedades, a partir de uma educação
inclusiva. Nessa perspectiva, a idéia central da inclusão é uma mudança na
forma de entender a pessoa portadora de necessidades especiais, propiciando uma
“sociedade para todos”. (Sassaki, 1999).
Assim, com base na nova Lei de Diretrizes e Bases (9394/96),
e o apoio a PPNEE (Pessoa Portadora de Necessidades Educativas Especiais) o
ensino regular e sua inserção na sociedade, visa uma revolução de valores
que exigem mudanças e adaptações na estrutura da sociedade e na educação.
Para tanto, a escola Inclusiva busca seu espaço na
Constituição Federal, de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente, de
13 de julho de 1990, na Lei de Diretrizes e Bases, Lei n.o 9.394/96, na
Declaração Mundial de Educação para Todos e Declaração de Salamanca,
além de outras leis, decretos e portarias, que garantam a todos direito à
educação, colocando da importância das instituições adequarem seus
espaços, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica para atender às necessidades individuais dos alunos.
Por isso, as transformações e exigências do mundo atual
requerem mudanças da escola, para que a mesma possa oferecer aos seus alunos
qualidade de ensino a que têm direito. Assim, para que cada escola possa
melhorar seu trabalho em direção a um ensino de qualidade e inclusivo, é
preciso repensar e ressignificar a escola dentro do novo contexto social. Dessa
forma, a educação inclusiva torna-se um instrumento para a construção de
uma sociedade mais justa e igualitária, o que faz urgente identificar as
causas que estão favorecendo a exclusão de grande contingente populacional
sabendo-se que o princípio da equidade reconhece a diferença e a necessidade
de haver condições diferenciadas para o processo educacional, tendo em vista
a garantia de uma formação de qualidade para todos.
Sassaki (1999) menciona que a inclusão é um processo que
contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de
transformações nos ambientes físicos, espaços internos e externos,
utilização e adaptação de equipamentos, meios de transporte e
transformação da mentalidade da sociedade.
Este autor ainda evidencia como em diferentes sociedades as
práticas educacionais e sociais, voltadas aos deficientes, seguiram caminhos
parecidos, incluindo: a exclusão, a segregação institucional, a integração
social e inclusão social. Estas fases não seguem uma evolução linear, pois
hoje se observa ainda, práticas de exclusão e segregação direcionadas a
grupos sociais, bem como propostas de inclusão sendo realizadas em diversas
regiões.
A inclusão escolar, segundo Sá (1999), desloca a
centralidade do processo para a escola, tendo por princípio o direito
incondicional à escolarização de todos os alunos nos mesmos espaços
educativos, que produz uma inversão de perspectiva no sentido de transformar a
escola para receber todos os educandos com suas diferenças e características
individuais.
Nesse sentido, a escola precisa oferecer orientações para
facilitar o trabalho em sala de aula como: falar com voz clara, usando
articulação e intensidade normais, entonações ricas e muita expressão
facial, falar de frente para a criança sem andar pela sala, usar sentenças
simples, repetir se for necessário, utilizar recursos visuais, colocar o aluno
em local adequado e bem iluminado. Adaptar os conteúdos, tornando-os mais
acessíveis, explicitando os vocabulários e linguagem técnica, fornecer
dicionários, utilizar sinônimos e antônimos, comparações e ilustrações,
reformular conceitos, proporcionar momentos de leitura e interpretação de
texto e situações de observação, realizar aulas práticas, utilizar
esquemas e ilustrações dramatizar e realizar teatros, realizar avaliação
diferenciada, com exercícios práticos e objetivos, oferecer maior tempo para
a realização da avaliação e adotar processos contínuos para avaliar o
aluno.
Considerando-se que a inclusão é um processo e que estão
sendo superadas algumas etapas, como a falta de conscientização dos
professores, observa-se que os alunos estão sendo melhor preparados para a
vida adulta e compreendem que são diferentes, mas não inferiores. Com o
trabalho do setor pedagógico, cria-se um elo entre escola regular e escola
especial, onde as orientações, esclarecimentos e estratégias, vem
favorecendo todos os professores, alunos e comunidade em geral.
Portanto, a inclusão é um fato e sua proposição é fruto
de um objetivo maior que é o ensino de qualidade para todos, independente de
suas potencialidades e limitaçoes. A educação tem hoje como grande desafio
ressignificar suas prátocas, com foco no ser humano no propósito de
humanizar.
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Por: Iara Maria Stein Benítez
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